Amor é um projeto de longo prazo...
A facilidade como as pessoas se dizem apaixonadas é algo
surpreendente. Sem muito esforço, palavras de amor eterno são professadas. Tudo
muito intenso e definitivo. E com a mesma facilidade que nos apaixonamos,
trocamos de parceiro e muitas vezes a notícia da troca é dada ao parceiro
antigo por whatsapp. Afinal, o mundo digital tem suas vantagens. O “Tinder” que
o diga...
A busca pelo prazer imediato e pelas relações líquidas de
Bauman* faz com que não tenhamos paciência para esperar um relacionamento
amadurecer. No primeiro descontentamento, deixamos de “curtir” aquela pessoa e
vamos correndo procurar uma possibilidade mais interessante no banco de dados
quase infinito de candidatos que vivem a mesma situação.
Amor é um projeto de longo prazo e exige um comportamento de
doação e preocupação com o outro que parece ser incompatível com o mundo
efêmero e frenético das redes sociais. Quem ama não pode ter pressa. Precisa
estar presente a cada momento, cuidando e fazendo o outro rir de coisas bobas,
além de surpreendê-lo com pequenos mimos e convites inusitados.
Ou seja, amar é estar Presente!
Pequenos defeitos, gordurinhas localizadas, mau humor
matinal, entre outros cacoetes, precisam ser relevados para que as coisas sigam
em frente. Por outro lado, pensar em projetos comuns com o parceiro é a melhor
forma de dar substância a relacionamentos onde o sexo surge como energia
criativa, mas insuficiente para vencer a poeira que o tempo faz acumular.
Para um líder educador, o princípio é o mesmo. Não basta
dizer que nos preocupamos com nossa equipe. É preciso estar presente e
compartilhar os problemas e conquistas com eles. Sempre com o espírito de time,
no qual todos são apenas UM. Isso é muito bonito de dizer e difícil de fazer.
Até porque os objetivos muitas vezes são diferentes e um Sentido Maior no
trabalho humano não é sempre que pode ser observado.
Relações humanas são complicadas, mas fascinantes.
Paciência, criatividade e coragem para buscar novas possibilidades naquela
relação são atributos que precisamos cultivar se quisermos escapar da Matrix
suprema que coisifica pessoas, vidas e paixões.
O caminho é incerto, mas percorrê-lo pode trazer grande
alegria e satisfação. Além do lado instantâneo que mina as relações, existe
também o oposto aos relacionamentos líquidos. Aquele no qual as pessoas não
desistem dos seus parceiros, porém não investem no convívio com eles, deixando
que a possibilidade de felicidade padeça como um moribundo suplicando pelo fim.
O desafio é saber quando continuar e quando desistir. Situações mal resolvidas
precisam ter um fim.
O fim? Alguém sabe qual é o fim?
* Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, autor de muitas obras que
escancaram o lado efêmero das relações humanas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário