Ontem, quando estava chegando
ao escritório, vi uma moça a minha frente a passo acelerado também chegando ao
prédio. Ela estava visivelmente apressada e antes de ultrapassar a porta do
edifício, sacou ligeiramente da sua bolsa, que não era pequena, um bonito par
de sapatos de salto alto e trocou pela sandália do tipo “rasteirinha” que estava
usando.
Após a metamorfose,
entrou elegante no condomínio corporativo, com passos cadenciados e fisionomia
executiva. Fiquei surpreso, parecia outra pessoa.
A cena serviu para que
eu percebesse como as organizações possuem muitas faces. Às vezes enxergamos a
figura imponente da executiva de sucesso, mas que há poucos metros era uma
pessoa mais comum, que acabara de descer de um ônibus cheio e que vinha com a
rasteirinha para poder andar mais rapidamente e chegar ao trabalho, “on time”.
Essa mesma executiva,
que prepara impolutos slides, transbordando métricas e indicadores, também tem
que preparar a mamadeira da filha, que vai ficar na “escolinha” o dia todo,
mesmo estando resfriada e com febre, pois não há alternativa.
Os dois perfis são a
mesma pessoa. Mas porque aparecem diferentemente nos dois ambientes? Será a
velha batalha entre estética e essência?
Fazemos tudo para que
nossos clientes nos enxerguem de salto alto, poderosos e seguros. Dentro de prédios
espelhados e com uma comunicação corporativa impecável. Mas na hora da entrega,
deixamos claro que somos pessoas comuns, sem tanto glamour, com projetos
atrasados, contratos emperrados no departamento jurídico e problemas sérios em
vários processos críticos ao negócio.
Talvez soluções “rasteirinhas”
sejam mais eficazes que soluções “salto alto”.
Mas, por quê? Por nos
permitir andar mais rapidamente pelas ruas esburacadas que formam o mundo
corporativo e nos poupar de muitos tropeços.
Estética ou essência?
Acredito que por isso que muitas empresas estão buscando modelos de trabalho mais liberais e interativos, como o home office, ambientes descontraídos e metodologias que favoreçam a criatividade, qualidade e agilidade das entregas. Com a evolução acelerada dos mercados e tecnologia, essas mudanças fazem muita diferença no "como" as coisas são finalizadas. Trabalhei em uma instituição muito conservadora que há uns anos vem flexibilizando os processos e o próprio ambiente para que a colaboração traga mais ganhos para as entregas. Acredito que esses ambientes e cultura descontraída favoreçam e muito o resultado final e incentiva soluções para o equilíbrio entre "vida pessoal" e "vida profissional", porque afinal de contas é uma vida só, né!
ResponderExcluirObrigado pela contribuição, Carol.
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