domingo, 20 de agosto de 2017

Existe espaço para o Amor nas organizações?

Palavra desgastada é o Amor. Violentada pelo seu uso rasteiro e comercial. Rebaixada ao ser vista como apenas o esforço em manter o objeto desejado sob nossa tutela. Mas quando pensamos numa organização, formada por pessoas,  metas e advogados, há espaço para o Amor?

Talvez a resposta esteja no conceito de "autopoiese" firmado por Humberto Maturana e Francisco Varela nos anos 70 do século passado. Autopoiese vem do grego, "auto" = "próprio"e "poiesis"= "criação", ou seja, a capacidade dos organismos de produzirem a si próprios.

O conceito rechaça a visão mecanicista que explica os seres vivos como máquinas formadas por engrenagens, trabalhando de forma quase independente e que, com seu esforço individual, conseguem que o "todo" funcione, produza e se reproduza.

Para Maturana e Varela, a autoprodução é um processo fluidificado pelo Amor. Os sistemas vivos são sistemas complexos e interdependentes. O Amor é a energia emocional que norteia o resultados desses sistemas. O sobrevivência dos seres vivos depende dos fluxos harmônicos que os irrigam e transportam nutrientes, além de permitirem que a energia emocional tenha também vazão e funcione como o regente de uma notável orquestra.

Em uma organização de pessoas o processo se repete. Para que ela viva de forma saudável e produtiva precisa de espaço para que a energia emocional tenha seu fluxo desobstruído. Os departamentos que insistem em dividi-la são como placas de gordura que não permitem que a energia do Amor a fecunde.

Os japoneses descobriram isso há décadas, ao promover o trabalho baseado em grupos multifuncionais, pois perceberam que as decisões em grupo são mais sábias. O "board" não pode ser considerado o único mecanismo participativo de um organismo social. Decisões sábias exigem representatividade. Todas as partes interessadas precisam estar representadas, inclusive aquelas que representam outros sistemas associados.

A autopoiese organizacional apenas poderá ocorrer quando todas as partes puderem expressar sua energia emocional na construção de um ecossistema saudável. Energia emocional é a criatividade em ação ou o "in"+ "novus", inovação, o novo dentro de si.

Os jovens talentos não persistem nas organizações "esclerosadas", ou seja, endurecidas pela falta de irrigação afetiva, porque necessitam expressar sua energia emocional/criativa. Os clientes mudam de fornecedores porque não conseguem se identificar com aqueles que fazem a venda em sistemas monolíticos.

Permitir que o Amor flua nas organizações significa abri-las para o interrelacionamento e deixar fluir a energia emocional que permite a identificação e a descoberta de um Propósito Maior entre as partes interessadas.

Para aqueles que "Não" quiserem perder a oportunidade de ouvir Humberto Maturana no Brasil, ele estará em São Paulo no dia 17 de outubro de 2017 no Primeiro Encontro de Universidades. Acesse o site do INFI. www.infi.com.br.