domingo, 30 de novembro de 2014

Foi sem querer, querendo...


Chaves não fez parte da minha infância, e sim a Vila Sésamo, mas acompanhei seu papel na vida do meu irmão mais novo, dos meus filhos e de inúmeros outros jovens e marmanjos.

Seu humor era simples, infantil, e por isso mesmo encantava a todos. Está sendo chamado de Chaplin latino-americano, que acho um pouco de exagero, mas Chaves conseguia criar situações hilárias com temas do cotidiano.

Seu grupo também era sensacional. Seu Madruga, Chiquinha, Kiko...

Podemos dizer que Chaves era educativo? Acredito que sim. Do jeito dele.

O mais surpreendente era a simplicidade dos cenários, dos textos, que encantavam pela perfeita amarração e não pelo tamanho do orçamento.

Fazer mais com menos? Sim, isto que hoje é um desafio para todas as empresas, Chaves já fazia há muitas décadas.

Suas reprises continuarão a encantar os novos pequeninos por muito tempo. Isso é assim com tudo que é genial.

Quero deixar minha homenagem a todo este grupo encantador. Que sirvam de inspiração para aqueles que querem assumir seu papel na TV. É preciso menos merchan e mais criatividade. O público agradece.



quinta-feira, 27 de novembro de 2014

My Valentine



Paul, como você consegue aos 72 anos ficar mais de três horas “performando” em um palco como se fosse uma criança de 12 anos?

Talvez porque você ame de paixão a vida? Ou porque você faça aquilo pelo qual veio ao mundo? Será que é porque você receba uma energia cósmica do seu público?

Acho que você une competência, talento e um bom humor típico dos britânicos do Monty Phyton.

Será que a razão é o fato de você amar intensamente e tão descaradamente que consiga cultuar Linda e Nancy no mesmo show?

E nós? Poderemos amar tanto assim e nos tornarmos anciões irreverentes, sarcásticos e inconformados, como você? Como você disse em My Valentine:

Without remembering the reasons why
She makes me certain
That I can fly
Paul também é um líder educador. Ele nos educa pela oportunidade que nos dá de sermos seu reflexo em nossas vidas. What if it rained? We didn't care...
 


My Valentine

What if it rained?
We didn't care
She said that someday soon
The sun was gonna shine
And she was right
This love of mine
My valentine

As days and nights
Would pass me by
I tell myself that I was waiting for a sign
Then she appeared
A love so fine
My valentine

And I will love her for life
And I will never let a day go by
Without remembering the reasons why
She makes me certain
That I can fly

And so I do
Without a care
I know that someday soon the sun is gonna shine
And she'll be there
This love of mine
My valentine

What if it rained
We didn't care
She said that someday soon
The sun was gonna shine
And she was right
This love of mine
My valentine


sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O menino que carregava água na peneira


Não existe a morte para alguém como Manoel de Barros. Não cabe bem, até por sinal de respeito. O poeta nunca gostou que colocassem data na existência. Então, o dia é de mais uma daquelas "inutilezas" que a vida inventa e que ele por tantas vezes substantivou.

Manoel de Barros escrevia sobre o vento, os pássaros, a vida. Tesouros tão preciosos que nós insistimos em desprezar. Precisamos de mais seres humanos como Manoel de Barros, que entendia o fluxo e os ciclos da vida. Ele sabia que não temos o controle sobre nada. Isso não nos apequena, e sim, nos engrandece.

O poeta é um carregador de água na peneira. Tenta preencher os vazios que o destino nos reservou. Manoel sabia disso.

O menino que carregava água na peneira

Manoel de Barros

Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e
sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo
que catar espinhos na água.
O mesmo que criar peixes no bolso.
O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces
de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio, do que do cheio.
Falava que vazios são maiores e até infinitos.
Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito,
porque gostava de carregar água na peneira.
Com o tempo descobriu que
escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu
que era capaz de ser noviça,
monge ou mendigo ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor.
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta!
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os vazios
com as suas peraltagens,
e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos!

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Dinheiro é assunto de criança?


 

Todos os pais comentam que seus filhos possuem uma capacidade de aprender bastante ampliada na atualidade. Perguntas que nem sonhávamos em fazer quando éramos crianças agora saem das bocas dos nossos pequeninos sem nenhum constrangimento. Parece que tudo é muito natural e eles estranham nossas caras de espanto frente aos seus constantes questionamentos.

E quanto ao dinheiro? Devemos tratar livremente desse assunto com eles? Devemos formar poupadores e investidores desde a primeira infância? Esse assunto deve ser ensinado na escola?

Perguntas necessárias com respostas não tão simples. Isso nos remete ao papel da educação financeira para as crianças e jovens. Quanto ao segundo grupo, não percebo muitas dúvidas nos educadores. O adolescente já é em muitos casos um cidadão bancarizado, que possui CPF, conta corrente ou poupança e que atua como um consumidor ou poupador na plenitude. Mas e quanto às crianças?

Recentemente foi assinado pelo então Presidente Lula o decreto que instituiu a ENEF, Estratégia Nacional de Educação Financeira, que englobará ações educacionais para adultos, jovens e crianças, ligadas ao uso consciente do dinheiro e os produtos financeiros. O desafio é imenso, num país carente de educação de boa qualidade e que possui uma população tendo acesso ao consumo e ao crédito de forma inédita em nossa história.

Mas como o assunto deve ser abordado para os pequenos? Como falar do valor do dinheiro, sua função e administração para os brasileirinhos? Depois de conduzir programas de educação financeira, constatei que falar do uso do dinheiro significa falar do consumo, sua finalidade e como é tratado em nossa sociedade.

O sistema financeiro tem como uma das suas principais funções ser um agente que capta recursos de pessoas superavitárias e empresta para as pessoas deficitárias. A consequência dessa relação é o consumo das famílias e os investimentos das empresas. Isso mostra que a educação financeira deve tratar das relações econômicas entre as pessoas e organizações.

Para as crianças, a educação financeira não deve ser tratada apenas como um instrumento de equilíbrio do orçamento familiar. Segundo Paulo Freire, “educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante”. A educação financeira deve servir para formar cidadãos conscientes não apenas em relação ao controle orçamentário, mas sim, criar pessoas que questionem os hábitos e comportamentos arraigados e que impactam o planeta hoje e nas gerações futuras.

Isso significa que educar financeiramente as crianças engloba ajudá-las a refletir sobre os hábitos de consumo da sociedade, sobre o destino das poupanças geradas e sobre as prioridades de investimentos públicos e privados. O uso do dinheiro e dos produtos financeiros, dessa forma, assume seu papel de instrumento no processo econômico e social. Instrumento fundamental ao bem-estar das pessoas, mas que não pode prescindir da reflexão ampla ligada às relações econômicas nas quais o dinheiro, o crédito e a poupança estão inseridos.

Educar financeiramente as crianças não é uma tarefa trivial. Esperamos que as iniciativas que já existem e aquelas que ainda virão deem conta da missão real da educação: formar cidadãos conscientes quanto ao seu papel e quanto ao impacto das suas decisões e escolhas para a vida em comunidade.

Ensinar a controlar a mesada é instrumento. Questionar seu propósito e significado é educar financeiramente com cidadania.

 

 

terça-feira, 11 de novembro de 2014

O tipo 7 no eneagrama



O tipo 7 no eneagrama fecha o grupo da razão, que também possui os tipos 5 e 6. Este grupo busca entender o mundo e o este tipo coloca sua atenção para o plano exterior da realidade. Possui uma curiosidade quase infantil. É como se vida fosse uma grande aventura a ser explorada. Até que não é ruim, né?

A questão a ser trabalhada pelos nossos amigos 7 é conseguir colocar os pés no chão e assumir compromissos e responsabilidades. Eles precisam desenvolver a capacidade de terminar aquilo que começam, pois se isto não ocorrer, não conseguirão jamais completar o ciclo das coisas e dos relacionamentos.

Educação financeira é um desafio para os 7, porque gostam de gastar mais do que podem, a fim de satisfazer suas necessidades de novidades e aventuras.

A dica para o 7 é trabalhar seu lado interior por meio do autoconhecimento. Práticas como yoga e meditação poderão aquietar sua mente sempre alerta. Curtir um relacionamento de forma plena também é algo que poderá colocá-lo em contato com a terra.

Relaxe e curta o momento atual! Tudo pode ser interessante, mas se não for curtido plenamente, ficará no plano superficial.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Como utilizar pesquisas quali e quanti na tomada de decisões


Uma dúvida frequente entre os pesquisadores é a melhor forma de obter resultados confiáveis para a tomada de decisões. Existem duas competências essenciais para a condução de negócios: saber usar estatística e desenhar boas pesquisas de mercado.

Porém, fazer pesquisas exige método e incrivelmente, muitas pesquisas são feitas sem método algum e se transformam apenas em desperdício de dinheiro. Antes de mais nada, é preciso entender a finalidade dos dois tipos principais de pesquisas: quali e quanti.

Pesquisas quali ou qualitativas são excelentes instrumentos exploratórios. Utiliza-se este tipo de pesquisa para o entendimento profundo das causas, comportamentos e tipos de públicos afetados pelo assunto a ser pesquisado. Pesquisas quali não devem ser utilizadas para se buscar a confiança estatística de uma pesquisa, pois não seguem os princípios da teoria de amostragem.

Muitos executivos querem provar estatisticamente resultados obtidos com pesquisas quali. Mas isso jamais será possível, pois elas não foram feitas com este objetivo e sim, são úteis para mostrar possíveis caminhos a serem explorados.

Após o entendimento do problema, obtido pela pesquisa quali, surge a necessidade de esgotar as hipóteses levantadas por meio de uma pesquisa quanti ou quantitativa. Este tipo de pesquisa irá trabalhar grandes volumes de dados, possibilitando o teste das hipóteses e busca de resultados com confiança estatística.

A análise fatorial poderá ser utilizada em conjunto com a pesquisa quanti para segmentar as variáveis levantadas, simplificando a análise. O uso de regressões e equações estruturais podem complementar a análise dos resultados.

Fica a dica. Antes de contratar um instituto de pesquisa, gaste algum tempo planejando a pesquisa que irá fazer e tenha um bom estatístico ao seu lado. Infelizmente, existem poucos estatísticos com visão de negócio atualmente no mercado. Quem possuir um irá guarda-lo a sete chaves.

sábado, 1 de novembro de 2014

Paulistanos recriam a Marcha da Família com Deus pela Liberdade


Parece que na história as coisas se repetem de forma incrível. Hoje milhares de paulistanos marcharam na Avenida Paulista pedindo a deposição da Presidente Dilma e a volta dos militares ao poder. De forma muito semelhante, o mesmo ocorreu em 1964, quando milhares de paulistanos, indignados com o governo "comunista" de João Goulart, pediram a sua cabeça, que foi a gota d'água para o Golpe Militar que levou o país a décadas de escuridão.

Naquela oportunidade, no dia 19 de março de 1964, cerca de 500 mil pessoas partiram da Praça da República em direção a Praça da Sé, manifestando-se contra o discurso de Goulart, que acenava para reformas de base no Brasil. O interessante, é que apesar das mulheres estarem aparentemente liderando o movimento, escondia-se por trás dele, um poderoso aparato financeiro e logístico, conduzido por civis e militares, quase todos homens.

Nos últimos dias, nas redes sociais, estão sendo reproduzidos discursos separatistas, que chamam os beneficiários do bolsa família de vagabundos, que defendem a separação do país em dois e que agora, invocam o retorno do regime militar.

Tenho sérias restrições ao atual governo, mas o que me espanta é a vocação da elite paulistana de entrar em barcos furados quando se manifesta politicamente. Será que alguém que pede a volta do regime militar tem ideia do que foram aqueles anos e do atraso político, econômico e social que nos deixaram como legado?

O Brasil vive hoje o reflexo do seu curto período democrático. Somente no século passado, vivemos duas ditaduras, a de Getúlio, no Estado Novo e a do Golpe de 64. A maioria das mazelas que nos fazem sofrer hoje, como o atraso na educação e tecnologia e a corrupção que se alastra, são filhos dos anos de muita força e pouco diálogo. A opinião pública assistia amordaçada às ações que procuravam eliminar a oposição e buscar a vitória a qualquer preço.

Hoje, ao assistir esta tentativa da virar o jogo e enterrar a democracia, conclamo a todos para revisitarem a história e seus reflexos recentes em nossas vidas.

Certamente, Franco Montoro, Mário Covas e Ulisses Guimarães estão aflitos lá no céu, pensando como seus filhos políticos esqueceram aquilo que eles e muitos outros heróis passaram e a causa pela qual deram suas vidas.