domingo, 2 de outubro de 2016

Administrar São Paulo como se fosse uma empresa privada é o caminho?


Hoje São Paulo elegeu seu novo gerente. Pelo menos é isso que João Dória sempre disse: "Não sou político. Sou um empresário, um gestor". E o povo paulistano comprou a ideia.

Não é difícil entender porque os cidadãos não aguentam mais os políticos, depois de tantos escândalos recentes, falta de boa administração da máquina pública e incompetência pra todos os lados.

Mas o caminho será tratar a cidade e suas necessidades como uma empresa?

Uma empresa, primeiramente, tem dono. Não é um ser coletivo que tenta atender de forma justa e igualitária aos anseios de seus componentes. Os objetivos estratégicos são definidos pela alta direção e pelo conselho de administração, que representa os acionistas, ou seja, os donos. E o foco é maximizar os resultados financeiros e expandir os negócios com olhos no futuro. Não existe o princípio do "bem comum".

Uma cidade possui um conjunto de prioridades muito diversificado. A divisão do orçamento do município segue uma lógica não baseada na eficiência e sim, no embate político. Por que direcionar recursos para creches e não para a saúde? Por que investir na periferia e não nos bairros nobres? A lógica não pode ser a eficiência.

Uma empresa contrata seus administradores pela competência, baseada na experiência passada, na formação acadêmica e nos resultados atingidos. Um prefeito escolhe seus secretários e subprefeitos baseado nos acordos políticos, senão, ele não consegue governar. E os vereadores? Como tratar um poder legislativo que está longe dos fundamentos corporativos?

E os funcionários públicos municipais? Serão tratados agora como executivos? Terão metas? Precisarão provar seu valor e competência para continuarem empregados? Terão que se reciclar e aprender idiomas, além de ter um MBA? Ou será a mesma máquina pública de sempre?

Será criado algum Conselho com Presidentes de empresas para ajudar na gestão da cidade? Talvez cada grande corporação pudesse cuidar de alguma área na cidade, como se fossem unidades de negócio. Uma grande empresa de planos de saúde poderia cuidar da Secretaria de Saúde? Algum grupo universitário ficaria com a Secretaria da Educação? Talvez alguma empresa de vigilância patrimonial pudesse cuidar da Secretaria da Segurança? Cada uma delas com metas e indicadores de desempenho. O que acham?

O Presidente de uma empresa é escolhido pelo Conselho de Administração, tendo como norteadores o perfil ideal e os objetivos a serem atingidos. São Paulo escolheu seu CEO baseado em alguns minutos de propaganda política e de uma imagem que foi aderente ao inconsciente popular.

Será uma interessante experiência avaliar a gestão empresarial de Dória no comando da Prefeitura de São Paulo. O mais instigante será pensar em quais métricas usar para avaliá-lo. Os fundamentos empresariais criarão uma cidade mais justa e equilibrada ou acentuará as desigualdades as quais o paulistano já está acostumado? Seremos mais felizes?

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