Fomos acostumados a olhar o futuro e a realidade mundial com
pessimismo e desesperança. Desemprego, baixo crescimento econômico, inflação,
violência e miséria. Mas será que nosso destino é viver num mundo árido como
este?
Não necessariamente, pois a crise parece ser falsa.
Não faltam recursos. Se pensarmos bem, quais são os recursos
necessários à nossa sobrevivência? Comida, água, abrigo, educação, saúde, cultura
& artes, lazer, bons relacionamentos e conexão com o Todo.
Certamente não existirá concordância geral com a lista que
preparamos, mas supondo que seja uma boa lista, vamos a ela.
Comida, água e abrigo não deveriam ainda ser problemas para
a humanidade. A cada ano, as safras de alimentos batem recordes. A questão é que
grande parte desta produção vai para alimentar os rebanhos e não as pessoas.
Além disso, existe uma grande concentração da produção de alimentos em grandes
propriedades e em empresas de alta tecnologia que produzem os alimentos de
forma centralizada, encarecendo sua chegada aos países mais pobres.
Se fosse feita uma campanha para trocar o consumo de
proteína animal por outros alimentos, teríamos um ganho enorme em produção,
barateamento dos alimentos e menos impactos ambientais. Isto também
economizaria água, pois a pecuária é uma das maiores consumidoras de água
potável. O custo de construções de casas poderia também cair drasticamente se
houvesse um planejamento para a entrega de unidades habitacionais feitas com
materiais mais eficientes e baratos.
A educação poderia ser muito mais efetiva e barata se os
pais dos alunos assumissem um papel importante na gestão das escolas, que
deveriam ser comunitárias e preocupadas em formar pessoas melhores para o mundo
e não cursos meramente profissionalizantes, estéreis no questionamento e nas
disciplinas que formam realmente cidadãos globais.
A saúde é um dos itens que nos causa maior indignação. Se os
governos fizessem campanhas educativas em prol da alimentação saudável e bons
hábitos para a saúde, o volume de recursos gastos em hospitais, planos de saúde
e medicamentos cairiam drasticamente. Mais uma vez, os interesses econômicos,
principalmente da indústria da doença e dos remédios, acabam prevalecendo.
Cultura, artes, lazer e bons relacionamentos podem ser
trabalhados em conjunto. Se tivéssemos incentivo a praticar a vida comunitária,
em vez de ficarmos aprisionados em nossas casas, com medo do vizinho do lado, poderíamos
criar relacionamentos fortes, positivos e buscaríamos soluções para todos,
criando comunidades fortes e solidárias. Muito melhor do que a busca pelo
consumo desenfreado e pelo endividamento exagerado.
A conexão com o Todo ou a busca pela espiritualidade seria o
resultado das outras práticas. Pois teríamos tempo, dinheiro, cultura e bons
relacionamentos, o que criaria um sentimento de pertencimento e de envolvimento
com uma Causa Superior. Todas as religiões e dogmas poderiam ser extintos, pois
causam muito mais separação e conflitos do que conforto espiritual.
Pode parecer uma visão simplória da vida, mas fica o questionamento. Não seria possível termos uma vida mais simples, sem tantas ambições inúteis e com menos conflito e infelicidade? Provavelmente sim. Basta que não sejamos contaminados pelo sentimento de impotência e entendermos que a mudança virá com iniciativas educacionais democráticas e inclusivas e que privilegiem a formação do novo cidadão que o planeta precisa. Esse é um papel de todos. Não podem existir donos.
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