Outro dia, eu estava em uma daquelas reuniões intermináveis e
ao meu lado, uma importante executiva do mundo corporativo. Estávamos
assistindo as apresentações e o plano de ação de cada pessoa.
Quando um homem falava, eu percebia que a executiva bufava!
Parecia que cada um dos executivos se perdia em suas próprias ideias, ou mesmo
que elas não fossem próprias, eles divagavam em conceitos, tabelas e em seus
apelos. A executiva tamborilava os dedos de forma frenética.
Quando era a vez de uma mulher, notava um leve sorriso de
contentamento naquela executiva. Era possível perceber nitidamente o rapport entre as duas guerreiras. Como
se fossem duas amazonas cercando sua presa de forma implacável. Uma falava e a
outra balançava a cabeça positivamente.
Foi então que a executiva não se conteve e sussurrou ao meu
ouvido: “Não tem jeito, as mulheres são
muito mais pragmáticas que os homens”... A partir daquele comentário, pude
notar que ela tinha razão.
A forma como as mulheres se apresentavam era mais direta e
assertiva. Sim, as executivas eram mais pragmáticas. E quando eu me lembrava
das mulheres em cargos de alto escalão, a situação se reforçava.
Resgatei as executivas do Olimpo, na tentativa de buscar alguma
relação com nosso tempo e deparei com Hera, mulher de Zeus, que ficou conhecida
pela sua determinação e perspicácia; Atena, deusa da sabedoria, que tinha no
trabalho o seu lema; Afrodite, deusa do amor, que atuava como relações públicas
entre deuses e mortais e Ártemis, a deusa guerreira, que abria caminhos por
onde passava.
Parecia que a situação não mudara tanto e isso podia
derrubar certo estereótipo da mulher, com o risco de criar outro. Emergia a
figura guerreira e caçadora, mas será que não existe espaço para o arquétipo da
provedora e curadora?
Seriam as questões culturais ou até mesmo as diferenças salariais
que ainda existem entre homens e mulheres que criaram esta concentração da posição
pragmática feminina? E qual o resultado disso na prática? Ambientes onde o
aprendizado e o compartilhamento são priorizados poderiam aparar estas arestas
e ao final todos nós poderíamos nos apresentar despojados de arco e flecha?
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