Já eram 22h30 e a aula estava para terminar. As pessoas já
arrumavam suas coisas, fechavam seus cadernos e procuravam no bolso o ticket do
estacionamento. Foi quando nosso professor, um senhor de cavanhaque, beirando
os oitenta anos nos perguntou: o que a Dorothy, o Dunga e o Darth Vader têm em
comum?
Ficamos atônitos com aquela pergunta já no apagar das luzes.
O que eles teriam em comum? Por que aquela pergunta? Seria uma pegadinha? Um bom
curso de filosofia precisaria instigar os alunos nos momentos mais improváveis?
Timidamente, alguns se arriscaram...
“Seria a maldade?”, indagou um aluno.
“Ou então a teimosia?”, disparou o segundo.
“Talvez as péssimas escolhas que fazem?”, tentou outro
aprendiz.
“Ou poderia ser o estrago que fazem por ande passam?”,
arriscou uma moça que já estava em pé na porta.
O professor ouviu pacientemente e com um sorriso, levemente
sarcástico, declarou...
“Tudo que vocês falaram faz sentido, classe, mas acredito
que poderíamos ter abordado outro ponto”, disse o mestre com certo ar de
superioridade.
“Podemos afirmar que os três são líderes que no passado
receberam missões gloriosas, tiveram mentores duvidosos e fizeram coisas desastrosas.
Mas o pior de tudo, é a semelhança na incapacidade de enxergar o óbvio, tomar
decisões corajosas, mas necessárias e a falta de humildade para reconhecer seus
erros e aceitar ajuda”, profetizou nosso professor.
Acredito que o sucesso de Star Wars pode ser explicado da
seguinte forma: as pessoas buscam na fantasia do cinema a possibilidade de vencer
o lado negro da força e se redimir contra toda iniquidade que paira sobre suas
cabeças. Pelo menos lá, podemos usar nossos sabres de luz e acreditar em um
final que nos traga esperança e entusiasmo.
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