Mônica, uma economista brilhante que trabalha comigo, estava me esperando na porta da minha sala quando cheguei para trabalhar hoje. Após alguns dias na Bahia, hoje eu retomaria minhas atividades normais, revitalizado pelo Sol baiano e cheio de esperança em 2016. Ao ver minha querida colega de trabalho aguardando-me com um lindo sorriso e certo ar de expectativa no ar, fiquei curioso. O que será que ela tinha de tão importante para me dizer?
“Fábio, Fábio, tudo bem? Preciso te contar algo...”
“Tive um sonho na noite passada sobre os problemas do Brasil.” Tá
mais pra pesadelo, concordam? “Acho que
descobri uma forma de gerar empregos sem depender de políticas públicas.”
Agora sim, minha curiosidade aumentou...
Após perceber meu interesse
explícito, Mônica continuou com seu tom professoral...
“John Maynard Keynes foi um dos maiores economistas do século XX. Ele
dizia que em épocas de crise é preciso aumentar a demanda agregada, mesmo que
sejam contratados homens para fazerem buracos nas ruas e outros para taparem os
buracos feitos.”
Realmente, minha amiga economista
tinha razão, segundo Keynes, que teve seus conceitos utilizados pelos países
nas épocas de crise, o que importa é contratar pessoas, pagar salários,
dinamizar o consumo, pois o efeito multiplicador irá levar o país ao
crescimento novamente.
Claro que esta é uma solução
paliativa. O que realmente resolve a situação econômica de um país são os
investimentos em infraestrutura, equilíbrio fiscal do Governo,
desburocratização e inovação. Mas isso leva décadas, principalmente no Brasil,
onde tudo é emperrado.
Então perguntei a Mônica, como os
conceitos macroeconômicos de Keynes poderiam resolver os problemas do Brasil.
Ela continuou, ansiosa para expor
seu plano econômico (rsrs)...
“Fábio, veja só, a solução deve vir da iniciativa privada, que é mais
bem organizada e possui uma estrutura mais dinâmica. A proposta é que parte do
orçamento das empresas em comunicação corporativa, propaganda, imagem
institucional, doações a partidos, entre outros, seja destinado para um projeto
emergencial de geração de empregos”.
Fiquei intrigado... Como ela
faria isso?
“Fábio, presta atenção...”, ela adorava esta expressão, “Neste projeto, as empresas contratariam
junto à população desempregada, professores, assistentes sociais, artistas,
administradores e demais profissionais para atuarem na sociedade como instrutores
e facilitadores. Estes profissionais iriam trabalhar nas comunidades carentes,
levando educação, artes, orientações sobre saúde e cidadania e poderiam também
fazer o papel de ouvidores das empresas contratantes, conversando com seus clientes
e buscando melhorias nos serviços prestados.”
Comecei a achar interessante e
inovador...
Continuou Mônica... “A novidade do projeto é que a contratação
não seria via CLT. Os profissionais seriam cadastrados como MEI,
microempreendedores individuais, e receberiam capacitação gratuita do Sebrae,
que também seria um parceiro do projeto.”
Interessante... Uma parceria
público-privada...
Ela retomou... “Não haveria vínculo empregatício e isso
permitiria custos menores para as empresas e a possibilidade de mais gente
trabalhando, mesmo sem estarem empregadas.”
Realmente, esta era uma medida
tipicamente keynesiana, aumentar o emprego e assim, também o consumo e a renda.
A saída viria via aumento na demanda agregada.
E Mônica não parou por ai... “Além disso, o projeto seria um incentivo ao
empreendedorismo, que é uma solução para a profissionalização da nossa mão de
obra e para o Brasil se modernizar, tendo profissionais mais aptos aos desafios
dos nossos tempos.”
Então não me contive... Perguntei
a ela se os profissionais de propaganda e marketing ficariam sem trabalho.
Ela parecia já esperar pela
pergunta... “Não”, disse Mônica, “Eles poderiam coordenar o projeto, sua
divulgação e comunicação.”
Mas a dúvida que me martelava a
cabeça é se as empresas topariam trocar ações institucionais por um projeto tão
audacioso. Seria possível trazer os mesmos ganhos que o modelo tradicional
proporcionaria?
Então, Mônica fez seu
fechamento... “As empresas que aderissem
ao projeto trabalhariam de forma cooperada e a opinião pública saberia que um
grupo de empresas estaria assumindo para si o papel de alavancar empregos em
tempos de crise. Haveria melhor contribuição para a imagem dessas empresas?”
Realmente, minha querida
economista tinha pensado num plano bastante heterodoxo, mas que podia dar
certo. A grande mensagem que seria passada é que existem soluções possíveis
mesmo quando o cenário é negro pela frente.
Disse à Mônica que a ideia era
arrojada e perguntei-lhe como pretendia divulgar seu plano inusitado.
Ela me
encarou com olhar sério e depois, com um lindo sorriso, falou...
“Não sei ainda. Você é a primeira pessoa com quem falo, mas você tem um
blog, não tem?”
Então, a ideia da Mônica veio
parar aqui. Será algo possível ou mais um delírio de uma economista de plantão?
Se você gostou da ideia da Mônica, compartilhe!
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