sábado, 4 de junho de 2016

Visionário, o quarto caminho da Liderança Educadora




Lucas entrou atabalhoado na maternidade. Seu sogro ligou pra ele às 2h da manhã dizendo que estavam levando Patrícia para a maternidade. Parece que Pedro estava dizendo ao mundo que era chegado o momento. O maior medo de Lucas era não estar presente no nascimento do seu filho e confirmar sua fama de ausente.

Ao chegar à recepção foi informado que Patrícia estava sendo observada e já tinha quase a dilatação necessária ao nascimento. Então ele chegou ao quarto, onde seus sogros também estavam esperando e encontrou uma mulher serena com um semblante de paz.
Você está bem?” - indagou Lucas.

“Sim, acho que chegou a hora do Pedro nascer” – disse Patrícia.

“Que bom que cheguei a tempo. Quero muito estar ao seu lado no nascimento do nosso filho” – afirmou com segurança, nosso herói.

“Sempre há tempo para estarmos presentes, né, Lucas?” – disse Patrícia com um olhar de desconfiança.

Então o médico de Patrícia entrou no quarto para examiná-la. Lucas e seus sogros esperaram do lado de fora e foram informados de que Patrícia seria levada para a sala de cirurgia.

Lucas ficou observando sua esposa sendo levada pela equipe de enfermagem e um aperto em seu peito deixou o rapaz sem palavras, enquanto Patrícia sumia pelo corredor.

Quando Lucas espera na sala ao lado da ala de cirurgia começava a refletir sobre as mudanças que ocorreram em sua vida. Ele tinha começado uma nova etapa profissional. Sentindo-se um “copo cheio”, nosso executivo começou seu trabalho de forma destemida ou como ele mesmo acabou reconhecendo, como um animal desgovernado.

Gastou muito dinheiro, não ouviu a ninguém, deu pouca atenção às pessoas e aos relacionamentos e ficou sozinho, com seu emprego na berlinda. Após quase sucumbir, teve um colapso e foi apresentado ao Caminho Quádruplo e sua epopeia. Aprendeu o posicionamento do Guerreiro, o envolvimento Educador do Mestre e a abordagem efetiva e saneadora do Guerreiro.

Lucas se lembrava de ter usado também as potencialidades do Visionário. Este arquétipo nos mostra que apenas a Verdade pode aquietar nossos corações e nos mostrar a Visão de nosso futuro. Criatividade não é apenas ter ideias inovadoras, e sim, entender que para chegarmos a algum resultado precisamos ser autênticos e não abandonarmos a nós mesmos.

O abandono de nossa Essência ocorre em três situações.

Quando renunciamos a nós mesmos por amor alguém.

Quando renunciamos a nós mesmos para obtermos aceitação ou aprovação de alguém.

Quando renunciamos a nós mesmos para mantermos a paz, o equilíbrio ou a harmonia.

Em algumas tradições xamânicas, quando renunciamos a nós mesmos, eles dizem que renunciamos a falar a língua do espírito e deixamos nosso coração fraco. Isso faz com que nos tornemos dissimulados, manipuladores e estrategistas de objetivos ocultos. O ambiente empresarial está repleto de pessoas que perderam a língua do espírito e deixaram seu coração enfraquecer. A fúria e o autoritarismo são os melhores exemplos de líderes fracos, perdido em sua Essência.

Lucas começava a sentir-se autêntico novamente. Buscou as pessoas que antes desprezara e os chamou para trabalhar um projeto juntos, onde todos ganhariam. Uma nova, mas discreta campanha foi criada e nos produtos desenhados por Lucas foram promovidos juntamente com o portfólio atual da empresa.

Finalmente as vendas começaram a aparecer. Lucas havia conseguido desenhar um case de “sucesso”, aquilo que antes ele buscava de forma desgovernada, e que agora nosso executivo do perfil 3 do eneagrama, começava a experimentar de forma firme e sustentável. Ao abrir-se para a verdade e a autenticidade, o tipo 3 caminha para trilha do tipo 6 e abre-se à confiança e o poder dos relacionamentos.

Lucas descobrira que uma empresa somente pode ser visionária quando se posiciona corretamente, promove alianças, educa todas as partes envolvidas e cura as chagas que surgem no caminho.

Pessoas “copo cheio” nunca serão visionárias e inovadoras. Animais desgovernados são apenas mais uma parte acéfala de um mundo corporativo cada vez mais insano e sem propósito.

Lucas sentiu-se renascendo para novas possibilidades em sua vida e enquanto refletia sobre seus últimos meses, recebeu a notícia que tanto esperava. Pedro havia chegado...

Quando ele entrou no quarto e pegou seu filho pode perceber na prática o aprendizado que havia recebido recentemente. Uma criança com o semblante sereno de Patrícia. Foi essa sua percepção e que agora estava nos seus braços para que pudesse ser amada, educada e encaminhada para uma vida cheia de aventuras e aprendizados.

 (três meses depois)

 Lucas, Patrícia e Pedro entraram no aeroporto com muitas malas e muitos sonhos. Depois que o ciclo se fechou no trabalho de Lucas, ele entendeu que tinha muito ainda a estudar e que seria importante para ele e sua família um novo começo nos horizontes no Hemisfério Norte.

Nosso protagonista havia sido aceito para lecionar em uma pequena universidade em Vancouver. Patrícia aceitou prontamente abandonar seu emprego e irem juntos conhecer uma nova cultura e novas possibilidades nas terras distantes do Canadá.

Lucas sabia a importância do aprendizado recebido e ansiava uma postura nova em sua vida. Agora, ele queria continuar estudando e convivendo com culturas diversas. Mas Lucas tinha certeza que nos laços com sua esposa e filho ele buscaria a força que direcionaria seus esforços de crescimento pessoal.

Ao encontrar-se consigo mesmo, Lucas teve a possibilidade de se achar como pai e companheiro e agora vislumbrava a possibilidade de ser um cidadão planetário e atuar na mudança das mentalidades das comunidades, corporações e sociedades.

Nosso amigo viajante era agora um aprendiz e sentia que seu caminho estava mais leve ao deixar para traz o peso de coisas que não lhe traziam valor algum e ao preencher o espaço por aquilo que realmente importava e não pesava nem um pouco.



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