terça-feira, 27 de janeiro de 2015

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Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo cativo em casa. Encontrou um filhote de águia caído ao chão e o capturou. Ele foi colocado no galinheiro junto às galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas, apesar de ser uma águia, rainha de todos os pássaros.

Após cinco anos, o camponês recebeu a visita de um naturalista. Enquanto passeava pelo jardim, o homem encontrou a águia no galinheiro, ciscando junto às galinhas. Espantado, disse ao dono da casa:

- Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia!

- De fato, disse o camponês. É uma águia, mas foi criada como galinha e agora não é mais uma águia, apesar de ter asas com quase três metros de envergadura.

- Não, retrucou o naturalista. Ela é e sempre será uma águia, pois tem coração de águia. Este coração a fará voar um dia às alturas.

- Não, insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como águia.

Decidiram fazer um teste. O naturalista pegou a águia em seus braços, ergueu-a bem alto e desafiando-a, disse:

- Já que você é uma águia e pertence ao céu e não à terra, então abra suas asas e voe!

A águia ficou sentada sobre o braço estendido do naturalista, olhando distraidamente ao redor. Viu as galinhas no chão, ciscando grãos e pulou para junto delas.

O camponês comentou:

- Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!

- Não, insistiu o naturalista. Ela é uma águia e sempre será águia. Vamos experimentar novamente amanhã.

No dia seguinte, o naturalista subiu no telhado da casa com a águia e sussurrou:

- Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!

Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando o chão, pulou e foi para junto delas.

O camponês sorriu e voltou à carga:

- Eu havia lhe dito, ela virou galinha!

- Não, respondeu o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre um coração de águia. Vamos experimentar mais uma vez. Amanhã eu a farei voar.

- No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levaram para fora da cidade, longe das casas dos homens e das galinhas. Foram para o alto de uma montanha, dourada pelo Sol nascente.

O naturalista levou a águia ao cume da montanha e disse:

- Águia, já que você é uma águia e pertence ao céu e não à terra, abra suas asas e voe!

A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse uma nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do Sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e da vastidão do horizonte.

Nesse momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico kau-kau das águias e ergueu-se, soberana, sobre si mesma e começou a voar. Voou para o alto. Voou... Voou... Até que se confundiu com o azul do firmamento... Nunca mais foi vista por aquelas paradas.
* * *

 Amigos, leitores do blog “liderança educadora”, fomos feitos para sermos águias e temos todo o potencial para isso. Infelizmente, nosso sistema educacional nos formata como galinhas. Pessoas que não questionam a realidade a aceitam tudo de forma resignada. Quando chegamos às empresas, somos galinhas executivas, com baixo poder criativo, resmungando, criticando, mas impotentes para transformá-las. Quantas águias maravilhosas não estão confinadas no galinheiro corporativo?

O líder educador deve fazer o papel do naturalista e transformar seu grupo e a si mesmo em águias novamente. Criar condições para as pessoas voarem e ser o exemplo para os demais. O mundo precisa de águias, que enxerguem as coisas do alto e tenham um olhar de respeito ao ambiente, mas com poder de mudar aquilo que precisa ser mudado.

Este texto foi baseado na obra “o despertar da águia”, de Leonardo Boff, um precioso exemplo de liderança educadora.


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