terça-feira, 17 de março de 2015

Ensinamos muita coisa na escola, menos aquilo que é importante



Todo dia surge uma proposta para incluir um novo tema no currículo escolar para o desespero dos docentes, que já estão saturados de tanto conteúdo e tão pouco resultado.

Cada grupo organizado entende que suas bandeiras deveriam estar nas grades escolares. O pessoal que forma empreendedores quer incluir o tema empreendedorismo; o sistema financeiro quer falar do uso do dinheiro; o mercado de trabalho alerta para a necessidade de formar engenheiros, administradores; enquanto a área da saúde clama por novos médicos, dentistas e fisioterapeutas.

Tudo desemboca na escola. Mas para que serve a escola?

Talvez para formar cidadãos e não apenas mão-de-obra para o mercado. A questão é que o sistema educacional está totalmente voltado para formar trabalhadores. Algo que talvez fizesse sentido na época da revolução industrial, mas nos dias de hoje, parece que não faz sentido algum.

Estamos formando trabalhadores sem alma, porque as escolas não conseguem criar nas pessoas a chama da cidadania, que enche de significado as ações humanas. Em consequência, as organizações também ficam sem alma, sem um propósito social, onde o que importa é lucrar a qualquer preço.

Para formar cidadãos precisamos ensinar a cooperação entre as pessoas, a solidariedade, o espírito de pertencimento e a conexão com todos os seres vivos que na Terra habitam. Pode parecer romantismo, mas se estes fossem os conteúdos das escolas, provavelmente teríamos tomado outro rumo em nossas a vidas.

Respeitaríamos mais a diversidade dos ecossistemas, seríamos mais tolerantes com as minorias e o fundamentalismo cego seria substituído por ambientes abertos a novas possibilidades, tanto cognitivas quanto transcendentais.

Certamente é importante a base teórica que trata das humanidades, ciências exatas e biológicas, mas o contexto deve ser a formação de pessoas melhores e mais solidárias para o mundo.

As escolas acabam por se tornar empresas focadas em resultados de curto prazo e são avaliadas pela quantidade de alunos que colocam nas melhores universidades. Formam robozinhos ou papagaios, que repetem as velhas premissas e vomitam as máximas da desesperança.

Realmente a educação muda o mundo, mas antes é preciso mudar a educação.



Nenhum comentário:

Postar um comentário