terça-feira, 21 de outubro de 2014

Esta eleição mostra a divisão do país e cada parte pensa apenas em seus interesses


O mapa das eleições parece ter se dividido o Brasil. Tem o pessoal no Norte/Nordeste contra o Sul/Sudeste. Empresários, classes A/B contra parte da nova classe média, D/E e beneficiários do bolsa família. Ricos contra pobres?

Aécio tem o voto dos mais endinheirados: empresários, classes A e B, pessoal do Sul e Sudeste, que está indignado com a corrupção, com o PIBinho, com a volta da inflação e com a estagnação econômica.

Já Dilma conquistou os menos favorecidos: a nova classe média, classes D e E, beneficiários do bolsa família, grande parte do funcionalismo público, gente que viu sua renda aumentar sensivelmente na última década, que teve acesso ao crédito e que equipou suas casas e encheu suas geladeiras.

Mas isso tudo faz sentido? Sim, faz todo o sentido.

As pessoas não costumam votar pensando no país e sim olham apenas para seus interesses imediatistas. Se a coisa está boa para elas, vamos continuar do jeito que está. E isso não ocorre apenas entre os humildes. É um fenômeno que não perdoa classe social nem nível de instrução.

Para os empresários, se o câmbio está favorável, a carga tributária não os está estrangulando e a economia está aquecida, vamos deixar tudo como está! Questões como a corrupção, mudanças climáticas e um projeto para o país ficam para os intelectuais discutirem.

As classes A e B, que historicamente nunca viram com bons olhos um partido sindical, querem poder andar com seus carrões "insulfilmados" pelas ruas das grandes metrópoles, sem serem importunados pelo povo do "alheio", além de poderem viver suas vidas de consumo sofisticado, viagens internacionais e boas escolas. Se existe desigualdade, fome e desesperança, é culpa do governo! Aquele grupo de políticos que não faz aquilo para o qual que foram eleitos!

Já os mais pobres, que não tiveram acesso aos benefícios mais simples que a economia moderna deveria trazer, deleitam-se com o consumo inédito, com as carnes e os carnês, com o turismo agora possível e com a esperança de um futuro próspero para seus filhos. Se a forma de obterem estes novos privilégios é a falta de gestão da coisa pública, o clientelismo e a perda de rumo da economia, isso não é muito importante, porque isso sempre foi assim!

Então, cada um vota no projeto que representa a continuidade do sem bem-estar. A falta de uma visão de Nação é que fez o Brasil patinar, enquanto seus vizinhos decolam. 

Nenhum dos dois candidatos irá fazer as mudanças estruturais que o país necessita. A burocracia e a busca por apoio político irá lotear o Brasil mais uma vez. Além disso, mudar significa perdas de privilégios para muitos setores. E quem vai aceitar isso?

Como incluir na agenda as novas questões mundiais se nossos economistas ainda propagam o discurso dos anos 70: crescimento, emprego e inflação, apenas?

Mas temos que ir as urnas domingo, tendo a certeza que a briga real começará na próxima segunda feira.



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